A Linguagem Incandescente
Laboratório de Escrita
Escrever com o corpo todo. Criar um espaço úmido entre imaginário e escrita. Escrever como quem endereça todo o ar ao diabo. Eu escrevo sem língua. Sem zona específica. Eu nem sei dizer a vocês qual é a língua que eu falo. Eu escrevo na língua do diabo. A criação de dramaturgias que operam entre o espanto absoluto e o deleite. Escrita que dissocia cavalo e cavaleira. Sem selas. Vamos deixar o cavalo à pelo.
A escrita, que me refiro aqui, é a organização de uma palavra atrás da outra e também a escritura de uma possível dança drástica, de linguagem que o corpo expele. Com quais órgãos eu escrevo um texto? Escrita como um plano sequencia de séculos e séculos em carne osso. Derramar o que tem dentro no espaço.
Convido a todes que sentem tesão pela dramaturgia, no teatro ou na dança, tesão por colocar em palavras certas formas impossíveis para esse laboratório de criação. Ao longo de 6 encontros, vamos nos debruçar sobre nossas escritas - que pode ser algo que você já começou ou que você gostaria que começasse agora - um algo que poderia ser colocado em cena um dia, ou imediatamente, algo que se desenha conforme sua obsessão. Vamos ler em conjunto, fazer perguntas, quebrar a cabeça, suar, ir no talo, em práticas e algumas teorias.
"Isso tudo que eu te escrevo é como um ovo quente que passa de uma mão pra outra (...) O que te escrevo é um ‘isto’. Não vai parar: continua. O que te escrevo continua e eu estou enfeitiçada". [Clarice Lispector]